POEMAS DE ABRIL - O MELHOR DOS MESES
Coletânea de poemas sobre o mês de abril que fazem parte do livro: ABRIL SITIADO (EDIÇÕES BAGAÇO – 2011)
SEIS DE ABRIL
Hoje
abril está encravado
em mim, domado
peregrina
na minha crina, o vermelho
de sua túnica.
Abril
com seu tambor
em mim carrega
seu carrossel de dor,
como brincadeira
em mim, trafega.
SINAL FECHADO Há um abril no calendário, esfolhando o tempo de ferro, prisioneiro de homens, intemporal. Traz nos ombros estrelas: o compasso e sua chave, no peito verde bélico, empalhando o tempo para todo o sempre, este mal.
ABRIL NUM DIA DE SOL
Quero falar do meu tempo não importa se trago no peito, desatada essa dor informe, canto avesso: falo ao vento ácido e calo por amor: a solidão mais que o medo, é áspera essa manhã doendo na pele, é flâmula abrasada. Lavro os rubros signos que inventei sob os cílios do sol: a cidade dos homens me cobre com suas asas de cera.
SOBRE ABRIL E SIGNOS
Sobre abril áries, um terço touro na constelação, marte no carrossel do meu caderno. Signos do tempo, prisioneiros. Sobre o tempo, chumbo, alumínio e concreto: baionetas, dançavam os que não.
SINA Ao emergir de suas águas abril era apenas sina quando disparou a ampulheta do seu tempo, desvendou seu viço, em minhas retinas. Abril era crivo em minha sina, quando seu tempo chegou venceu a mim: seus medos e cismas.
ERA TARDE, UM ABRIL
Quando o mundo se desvendou
sobre minha pele
replicou seu silêncio:
- era noite de abril.
Marcou com garras
as faces dos seus cios
e seus desejos de fera:
- a carne crua, ave rara
que sonhava, com suas asas rasas
singrava por eras. A fio
a lã do carneiro, a faca
o sacrifício, o desafio
quando o mundo se desnudou
era tarde, num abril.
EXILADO ABRIL
Aberta na janela
a manhã: flores, casas e bichos
desatados, sobre os trilhos
vêm nas lágrimas
pelo vento da partida, desbotados:
longe, fremindo a paisagem
que ficou, alheia se eterniza.