O ENCONTRO
O medo bateu nas suas costas. Aquela mulher havia lhe tirado o fôlego. Foi morte certa. No primeiro instante apostou e não imaginou até onde aquilo tudo ia chegar. Sua vida estava por um fio agora, sabia que nenhum deus podia ajudá-lo. Depois daquele dia, uma silhueta de mulher invadira sua alma.
Em sua solidão, folhas amassadas de papel sobressaiam do cesto, invadiam a sala, todas elas denunciavam este momento de instabilidade e sofrimento, por mais que tentasse não conseguia escrever outra coisa, senão o nome daquela mulher.
Acreditava nas paixões fugidias como combustível para seus escritos, mas agora os versos o tinham abandonado. Cúmplices daquela história doíam como espinhos na carne. Neste momento estava completamente só e jogado no sofá da sala, suava e suas mãos tremiam.
Num ofício escreveu seu nome, jogou pela janela dentro de uma garrafa, esperou que alguém batesse à porta e lhe tirasse daquele transe.
Esperou e ninguém bateu. Na porta uma foto tamanho natural, ela sorria para ele.
Maldita hora daquele encontro. Hoje sobrevivia às horas, envolto naquela imagem que agora lhe roubava a vida.
Do livro: O OLHO DO RINOCERONTE